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sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

UM MUNDO ÀS RISCAS VERDES E BRANCAS

Frontal, com Alvalade sempre no horizonte, Manuel Fernandes, actual técnico do ASA de Luanda, "anuncia" para breve o regresso à casa que lhe enche o coração... para desempenhar funções na estrutura do futebol
"Vou deixar de treinar e voltar ao Sporting!"

Numa altura em que tanto se fala em símbolos vivos, na falta deles ou acerca de quem realmente o é, se olharmos para as últimas três décadas da centenária história do emblema de Alvalade, é com facilidade que se chega ao binómio Sporting-Manuel Fernandes. Em entrevista exclusiva a O JOGO a partir de Angola - onde presentemente treina o ASA de Luanda -, o homem que tantas vezes pôs os adeptos leoninos a pularem de alegria e que, em campo, vibrava como o mais fervoroso dos adeptos nas bancadas de cada vez que sacudia as redes adversárias, promete que as saudades e a memória da forma triste como por três vezes saiu do clube pertencerão ao passado dentro de pouco tempo, eventualmente já no próximo defeso. "Manel" revela estar prestes a terminar a carreira de treinador para dar um novo rumo à vida, mas na sua casa de sempre, à qual se sente capaz de dar muito - e ainda mais agora, possivelmente na estrutura de comando, orientação e gestão do futebol profissional dos leões. Logo ele, que aqui diz ver "o mundo às riscas verdes e brancas". Uma perspectiva que cresceu com o rapaz de Sarilhos Pequenos que se escondia na cama para ouvir os relatos do Sporting, mas cedo viu partir a mãe, que lhe deixou a premonição de que um dia viria a ser alguém no clube de toda a família. Foi e, pelas palavras do próprio, voltará a ser muito mais do que isso, dentro de muito pouco tempo...
É impossível falar consigo sem começar pelo óbvio: regressar ao seu clube do coração continua a ser um objectivo?
- …Voltarei ao Sporting mais tarde ou mais cedo. Não é uma obsessão, mas sim uma grande ambição, que nunca escondi. Tenho a certeza de que ainda tenho muito para dar ao clube. Posso vir a trabalhar em conjunto com esta Direcção ou até com uma outra, com o devido respeito por quem neste momento lá está, assume responsabilidades e dá o seu melhor.
Fala de forma apaixonada. Acredita que esse desejo será realidade em breve?
- Claro que falo com paixão. Ninguém adora mais o Sporting do que eu! Pode haver quem goste tanto, mas mais é que não! Tenho mantido alguns contactos no sentido de voltar, já conversei com algumas pessoas, cujos nomes obviamente não citarei, e creio que se trata apenas de uma questão de tempo. Tenho mais um ano de contrato com o ASA, e o Girabola [n.d.r.: campeonato angolano] só termina em Novembro, mas veremos como as coisas evoluem. Tudo na sua devida altura.
Admite assumir outro tipo de competências que não as de treinador, é isso?
- Planeio deixar de ser treinador e voltar para o meu clube com outras funções. Além da experiência acumulada como jogador e treinador, esta aventura em Angola também me está a ensinar muito no que ao lançamento de jovens diz respeito, e aqui, naturalmente, as condições são outras. No entanto, está a ser uma grande experiência.
Saiu de Alvalade pela porta pequena como jogador, depois como técnico-adjunto e, mais tarde, quando era treinador principal... São muitas feridas. O Sporting está em dívida para consigo?
- Nunca! Isso nem sequer se coloca. Eu é que devo tudo ao Sporting. Posso ter sido alvo de algumas decisões injustas no passado, mas foram atitudes que partiram de pessoas, não da instituição. O meu amor pelo Sporting é tal que jamais poderia confundir as coisas. Costumo dizer, na brincadeira, que às vezes parece que vejo o mundo às riscas verdes e brancas. Sou um apaixonado pelo Sporting desde que me conheço, muito com o incentivo da minha mãe, que infelizmente me deixou quando eu só tinha dez anos. Ganhei títulos, vivi muitas alegrias e algumas tristezas, mas nunca me esquecerei de que o meu melhor momento foi quando vesti pela primeira vez aquela camisola. O meu objectivo sempre foi servir o clube, sem magoar ninguém. Continua a sê-lo, e creio que ninguém me pode levar isso a mal.


A festa do golo, uma imagem a que o "Manel" nos habituou
Inesquecível goleador sem a devida recompensa
Manuel José Tavares Fernandes cumpriu o sonho de representar o Sporting no Verão de 1975, transferido da CUF. A missão era "só" substituir Hector Yazalde, o argentino que marcou para sempre a história do futebol português com um recorde de 46 golos no Campeonato numa só época. O jovem de Sarilhos Pequenos assumiu a responsabilidade... durante 12 épocas. O ponta-de-lança marcou 255 golos em 433 jogos, contabilizou 31 internacionalizações (uma ainda pela CUF) e venceu dois Campeonatos, duas Taças de Portugal e uma Supertaça, além de capitanear a equipa durante oito anos. Após a temporada 1986/87 - a tal dos 7-1 ao Benfica, em que marcou quatro golos -, saiu sem glória de Alvalade, magoado com a Direcção, terminando a carreira a contragosto, mas de cabeça erguida, no Vitória de Setúbal.
Corpo técnico de sonho desfeito em Salzburgo
De volta a casa depois do desaguisado com a Direcção presidida por Amado de Freitas, Manuel Fernandes reentrou como adjunto de Bobby Robson (1992/93). Para colaborar com o prestigiado treinador inglês, levou consigo um jovem professor de Educação Física com quem trabalhara no Vitória de Setúbal e, posteriormente, no Estrela da Amadora. Chamava-se José Mourinho. Na época seguinte, o Sporting encontrava-se isolado no primeiro lugar da tabela e praticava futebol de eleição, quando foi eliminado com surpresa da Taça UEFA pelo Casino de Salzburgo, em 7 de Dezembro de 1993. O então presidente Sousa Cintra demitiu com estrondo toda a equipa técnica e contratou Carlos Queiroz, que veria o título fugir para o Benfica. O "Manel" saía de novo...

No papel de treinador do Sporting

Sem contrato assinado foi "trocado" por Boloni
Na sequência da segunda saída de Alvalade, Manuel Fernandes prosseguiu a carreira como treinador principal. Orientou Ovarense, Campomaiorense (que conduziu, pela primeira vez, ao escalão principal), Tirsense e Santa Clara. Em Ponta Delgada, obteve estupendos resultados, ao conseguir três promoções em quatro épocas pelos açorianos - que também fez estrear no mais alto patamar nacional.
Decorria a época 2000/01, quando o Sporting campeão em título fazia época sofrível. Face à saída de Augusto Inácio, o clube lançou o chamamento, e Manuel Fernandes não resistiu. Assumiu o cargo em 25 de Janeiro de 2001 e ainda conquistou a Supertaça, batendo o FC Porto, mas... não ficou. Numa prova de lealdade, não quis assinar logo contrato por ano e meio. Sem vínculo oficial e com a SAD a procurar novo técnico, rejeitou ficar noutras funções e tornou a sair.









Orgulhoso, exibe a "sua" Supertaça


"Chorava se ficasse fora de um dérbi"
Nome também incontornável do centenário dérbi graças a muitos golos, o ex-avançado Manuel Fernandes deseja vitória leonina no duelo que aí vem e revisita algumas memórias...
Vem aí mais um dérbi, mas sem o encanto de outros tempos. Contará para a luta pelo segundo posto e consequente lugar na Champions. Vai acompanhar o desafio em Luanda?
- Claro. Será um jogo importante, até porque está em causa o segundo lugar e o tal acesso à Liga dos Campeões. Será interessante de seguir. O Sporting joga em casa e precisa de vencer e reduzir a distância pontual para o Benfica. Espero que assim seja, obviamente.
Era neste desafio que Manuel Fernandes gostava de aparecer. O dérbi foi o embate que mais gozo lhe deu jogar?
- O Sporting-Benfica ou o Benfica-Sporting era o "meu jogo". Em 12 anos como futebolista do Sporting, não falhei nenhum dos 24 dérbis para o Campeonato. Se tivesse falhado algum, chorava de certeza. Lembro-me da alegria que era ganhá-lo e do desgosto de o perder. Uma pessoa mal podia sair à rua em qualquer dos casos. É um desafio único. Sejamos realistas: é a maior rivalidade desportiva do País. Não há outro duelo assim em Portugal.
Liedson é hoje a grande referência do ataque do Sporting, como o Manuel foi em tempos. Ambos costumam fazer o gosto ao pé contra o eterno rival
- Ele é um grande jogador que aparece nos grandes momentos. Já é um histórico, um símbolo do clube. Para chegar a esse estatuto, na minha perspectiva de adepto fanático do Sporting, não tanto na de treinador ou ex-jogador, é preciso que um atleta seja talentoso, mas também regular, trabalhador, assíduo no rendimento e na entrega. Os vencedores da Taça das Taças são símbolos, como foram os "Cinco Violinos". O Yazalde foi um verdadeiro símbolo, o Liedson também. O Jardel já não. E digo-o pela sua conduta extradesportiva, não pelas inegáveis qualidades. O Liedson é um notável, seguramente não daqueles "notáveis" que pouco ou nada fizeram para o merecer. Espero que fique muitos anos.
OJOGO, 29 de Fevereiro de 2008

Outras declarações recentes de "Manel" sobre Liedson:
Manuel Fernandes diz que o 31 já é "histórico"
A par de João Lourenço, Manuel Fernandes é quem detém a marca que Liedson igualou no recente jogo com o Basileia (18 golos nas competições europeias). Recordando com orgulho o seu passado e com igual sentimento a carreira do brasileiro, o antigo capitão, ex-treinador e símbolo dos leões, confessou a O JOGO que ver Liedson atingir este nível de importância na história do clube constitui um síncero prazer.
- "Para quem, como eu, serviu o Sporting com tanta dedicação e amor, é um orgulho ver o Liedson obter números destes. Vai bater essa marca dos 18 golos e provar que é um histórico do Sporting."
A explicação de "Manel" veio de seguida:
"Para mim, histórico é aquele jogador que se entrega, mantendo um rendimento e uma assiduidade exemplares. Ora tudo isto é o que Liedson tem feito, daí eu defender que é já uma referência do clube", vincou.
Actualmente a trabalhar em Angola ao comando do ASA de Luanda, o antigo internacional português gostaria de ver o 31 verde e branco em Alvalade até ao termo da carreira, conseguindo ainda algo que ele próprio não logrou.
- "Tive pena de não jogar uma final europeia, embora o nível competitivo fosse outro. Liedson já o conseguiu e pode repeti-lo, quiçá com uma vitória esta época, até porque o Bayern de Munique é o único 'gigante' em prova. Em suma, sempre gostei muito deste jogador e quero vê-lo terminar a carreira no Sporting."
(Manuel Fernandes a OJOGO, no dia 23 de fevereiro de 2008)
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Manuel José Tavares Fernandes
Nasceu a 5 de Junho de 1951, em Sarilhos Pequenos (Moita)
Avançado, é o jogador com mais jogos na I Divisão Nacional.
Época - Clube (Divisão) - Campeonato - Jogos /Golos

1967-68 - Sarilhense (Juvenil) -
1968-69 - CUF Barreiro (Junior) -
1969-70 - CUF Barreiro (Jun./I) - 3 / 0
1970-71 - CUF Barreiro (I) - 19 / 6
1971-72 -
CUF Barreiro (I) - 28 / 8
1972-73 - CUF Barreiro (I) - 27 / 8
1973-74 - CUF Barreiro (I) - 26 / 6
1974-75 - CUF Barreiro (I) - 28 / 10
1975-76 - Sporting - 29 Jogos / 26 Golos
1976-77 - Sporting -
26 / 21
1977-78 - Sporting - 28 / 13
1978-79 - Sporting - 24 / 10
1979-80 - Sporting - 29 / 10
1980-81 - Sporting - 23 / 10
1981-82 - Sporting - 27 / 15
1982-83 - Sporting - 25 / 6
1983-84 - Sporting - 30 / 17
1984-85 - Sporting - 27 / 16
1985-86 - Sporting - 29 / 30 (Melhor marcador do Campeonato)
1986-87 - Sporting - 29 / 16
1987-88 - V. Setúbal (I) - 28 / 16
Estreia na I Divisão: CUF Barreiro - Benfica, 0-2 (16-9-1969, aos 65 minutos)
(Treinador: Costa Pereira)
Total de Jogos e Golos: 644 / 329
I Divisão - 485* / 244
Taça de Portugal - 69 / 53
Comp. UEFA - 49 / 19
Supertaça Nacional - 4 / 3
Selecção Nacional - 31 / 7
Outras Selecções - 6 / 3
* Recordista de Presenças na I Divisão.
Títulos:
Campeão Nacional em 79/80 e 81/82
Taça de Portugal em 77/78 e 81/82
Supertaça Nacional em 82/83
Goleador da I Divisão em 85/86
PERFIL Havia saber e desejo de participação a mais para se dedicar apenas a uma tarefa em campo. Trazia escrito no olhar que era ponta-de-lança, mas o veneno do drible curto, a articulação da velocidade com a bola e o entusiasmo com que disparava até ao obstáculo seguinte mostravam a cadência e o tipo de jogo de quem vivera muitos anos encostado à linha lateral. Sim, tornou-se um marcador extraordinário, mas a permanente preocupação de solicitar os companheiros, para progredir em apoio ou mesmo entregar a resolução final do problema a um deles desvendava o esquema de raciocínio de quem pensava sempre no melhor para o colectivo. Sim, marcou centenas de golos, mas o objectivo dos remates certeiros nunca foi aumentar os números de uma conta não controlada: aconteciam quando calhava e, valha a verdade, calhavam muitas vezes. Naturalmente.
Manuel Fernandes gostava muito do golo e dominava em absoluto a relação com o último toque, embora agisse durante toda a carreira como se o mais sagrado dos compromissos fosse com a equipa. Faltou-lhe o egoísmo típico dos grandes goleadores para atingir um patamar ainda mais elevado — nada que beliscasse a noção de felicidade, porque o seu conceito de realização pessoal não distinguia a assinatura do momento mágico, da autoria, por exemplo, do último passe. Dono de um prodigioso entendimento das acções construídas de trás para a frente, era perfeito a gerir a retenção da bola e a soltá-la no tempo certo, prova de que o espaço de manobra e a abrangência da acção era a totalidade do que sucedia entre a linha de meio campo e a baliza do adversário. Na posição específica de avançado, na qual foi grande no seu tempo e um dos melhores de sempre no futebol português, dispunha da quase totalidade das características necessárias: remate forte e colocado (muitas vezes aplicado de longe), excelente jogo de cabeça, velocidade na desmarcação e frieza na abordagem aos guarda-redes. A partir de certa altura acrescentou aos argumentos de ponta-de-lança — que já fora extremo e podia fazer de unidade criativa do meio-campo — o estatuto de capitão de equipa e referência do clube, factor importante para os companheiros e decisivo para intimidar os adversários. O tempo, de resto, consolidou a paixão pelo Sporting, amor cuja intensidade o levou a pensar mais na instituição do que em si próprio. Mas esse é um pecado, se pecado for, do qual nunca se arrependerá.
HISTÓRIA Deixara para, trás uma carreira de seis anos como extremo-direito ao serviço da CUF e uma vida desportiva iniciada no clube da sua terra, o 1º de Maio Futebol Clube Sarilhense. que chegou a representar aos 17 anos, na III Divisão. Vivia feliz entre Sarilhos Pequenos e o vizinho Barreiro; com o dinheiro recebido pelo futebol e o emprego na Companhia União Fabril ganhava o suficiente para não ter problemas e, por isso foi recusando sucessivamente as propostas de transferência vindas de FC Porto, Belenenses e Sporting. Por outro lado, a CUF do início dos anos 70 era uma equipa interessante, presença assídua na primeira metade da tabela e que lhe proporcionou, entre muitas outras coisas, a estreia nas competições europeias, a 20 de Setembro de 1972, em Bruxelas, na vitória sobre o Racing White (1-0). A crise na empresa, nascida a partir do 25 de Abril de 1974, confirmou a ideia, já em vigor, de que era jogador a mais para clube tão pouco ambicioso.
CARREIRA No momento decisivo pôde escolher entre Sporting e FC Porto. Por motivos de ordem geográfica (não queria afastar-se de casa) e do coração (sempre fora sportinguista) optou por Alvalade, mesmo que a tarefa, à partida, se apresentasse mais complicada de verde e branco: foi encarado como substituto do argentino Hector Yazalde, grande goleador do futebol português nos primeiros anos de 70, que uma época antes saíra para Marselha, com 104 jogos e outros tantos golos apontados com a camisola do Sporting (a contar para o campeonato). Manuel Fernandes não só aceitou o desafio como o venceu claramente, reciclando, com a facilidade dos prodígios, a maneira de jogar, agora numa zona mais central e assumidamente mais próxima da baliza. Na primeira época como leão marcou 26 golos — nas seis anteriores tinha feito 38. Nos doze anos passados em Alvalade, o momento mais expressivo aconteceu em 1979/80, quando foi campeão nacional pela primeira vez. Já não tinha dúvidas, mas nessa altura teve a certeza absoluta de que não errara na escolha: era totalmente feliz. E assim continuou até ao momento em que lhe apontaram a porta da rua.


Com Jordão, uma dupla terrível!
DESILUSAO No início de 1985/86, Portugal não estava ainda apurado para o Mundial do México e o cenário para a presença na grande montra não era animador. Manuel Fernandes, com 34 anos, anunciou publicamente ambições moderadas para a época. Ainda desiludido pelo afastamento do Euro-84, afirmou não ter como objectivo estar na fase final do Campeonato do Mundo. Mas a reviravolta foi total: por um lado, a selecção garantiu a qualificação, depois do célebre milagre de Estugarda; por outro, ele próprio arrancou para uma das suas mais extraordinárias temporadas de sempre, no fim da qual foi o melhor marcador do campeonato, com 30 golos em 29 jogos — a única vez em que tal sucedeu. A partir de certa altura, tornou-se caso nacional: o povo, principalmente o leonino, a exigir a presença do goleador, o seleccionador nacional, José Torres, suportado na declaração inicial de pouca disponibilidade para voltar à selecção, a dizer que não tinha sido ele a afastá-lo, mas sim Manuel Fernandes a ceder o lugar aos novos. Por isto ou aquilo, ficou o essencial: "Manel” queria ir e não foi. Quanto aos motivos, e por mais argumentos que Torres apresentasse, pareceu evidente que a sua exclusão obedecia à convicção inabalável do líder da equipa técnica nacional de que nao confiava totalmente nas suas capacidades.

"Manel", marca um dos 4 golos, no lendário 7-1, a 14 de Dezembro de 1986
MAGIA Em 1986/87, digerido o golpe da ausência do Mundial, regressou à selecção, mantendo intocável o seu lugar na família verde e branca. A época não estava propriamente a correr muito bem, até ao dia 14 de Dezembro de 1986. Nessa tarde, aconteceu a magia inesperada de um resultado para a lenda: Sporting, 7 - Benfíca, 1. Manuel Fernandes contribuiu para a festa com quatro golos, sendo também por isso o herói da goleada histórica. Manuel José, treinador leonino, não resistiria aos maus resultados que se seguiram e acabou por ser substituído pelo inglês Keith Burkinshaw, antigo responsável de uma excelente equipa do Tottenham da primeira metade dos anos 80 — vencedora da Taça UEFA em 1983/84. Com o destino traçado para os últimos meses, o objectivo foi preparar a época seguinte. Pelo meio, a 7 de Junho de 1987, o Sporting estaria ainda na final da Taça de Portugal, com o Benfica. Perdeu por 1-2. Seria a última vez que envergaria oficialmente a camisola sportinguista: acabou dispensado, como um qualquer funcionário, por decisão do novo técnico, avalizada pelos então dirigentes leoninos.
SELECÇÃO Doze anos separaram a primeira da última internacionalização de Manuel Fernandes, tempo significativo e confirmador da capacidade para se manter no topo durante muitíssimo tempo. Mas não foi feliz na selecção. Em primeiro lugar, porque nunca foi primeira opção indiscutível para os sucessivos seleccionadores nacionais; depois porque falhou as duas grandes conquistas da geração a que pertencia: o Euro-84 e o Mundial-86, provas nas quais nem sequer participou nas fases de qualificação. O mais que conseguiu foi uma sequência de seis presenças consecutivas na equipa nacional — não falhou um único jogo entre 1977 e 1978 —, para se despedir na era pós-Saltillo, com cinco jogos efectuados, todos como capitão de equipa.
O FIM Inesperadamente colocado na lista de dispensados do Sporting no final de 1986/87, Manuel Fernandes aceitou o convite de Fernando Oliveira, seu antigo companheiro na CUF e na altura presidente do Vitória de Setúbal, para fazer uma última época como jogador, reencontrando Malcolm Allison, seu treinador aquando do segundo título conquistado ao serviço dos leões (81/82). Marcou 16 golos em 28 jogos, a equipa fez uma prova tranquila, com alguns pontos altos, mas em Maio de 1988 foi colocado perante novo desafio: acumular a função de jogador com o comando técnico da equipa, para substituir o treinador inglês nas derradeiras quatro jornadas do campeonato.Em 1988/89, já só como treinador, levou o Vitória ao quinto lugar da I Divisão e ao sétimo na época seguinte. Seguiram-se passagens pela Ovarense e pelo Estrela da Amadora, regressando ao Sporting, pela primeira vez, em 1992, como adjunto de Bobby Robson. Em 1993/94 assumiu o comando do Campomaiorense (que trouxe à I Divisão), outra vez do Vitória de Setúbal, seguindo depois para os Açores, onde conduziu o Santa Clara da II B até à elite do futebol português. Voltaria uma vez mais ao Sporting, em 2000/01, para substituir Augusto Inácio. No final da época reviveu o momento difícil da separação, mas acabou por encontrar uma saída que o satisfez: viajou até aos Açores, para dar seguimento ao excelente trabalho iniciado em 1998.
Do livro: 100 Melhores do Futebol Português, da autoria de Rui Dias

5 comentários:

Anónimo disse...

Mário não percebo o teu comentário no blog.
Ao ler a noticia no jogo tive a ideia de fazer o post.
E digo-te com toda a sinceridade que nem vi o que tinhas no teu blog.
Eu como tu fiz copy past , mas não copiei tudo , somente a entrevista e achei por bem destacar a bold , as frases que mais ressaltavam,
por coincidência e não era dificil , porque para nós sportinguistas aquelas ressaltavam muito mais, resultou que ressaltamos o mesmo, aliás tu ressaltas mais frases.
Digo-te que não percebi o teu comentário e até fiquei espantado com o mesmo , quando agora fui ao blog.
Não gosto de fazer copy past , mas neste caso acho que se justificava, espero que reconsideres nas tuas observações.
Saudações leoninas.

Fernando Gaspar Barros disse...

O MARCADOR DO PENALTY NÃO É MANUEL FERNANDES, COMO REFERE, MAS SIM HECTOR YAZALDE!!!!!!!!! CORRIJA.

Mário disse...

Obrigado, Fernando, pela correcção.
Eu não consigo identificar o marcador como sendo Yazalde, mas se o diz, acredito que seja.
No entanto, através de outros jogadores na fotografia, de facto, não pode ser o "manel", pois não era contemporâneo deles.
Reproduzi um erro de outrém (e respectiva foto como sendo o "manel" o marcador) e incorri igualmente em erro. As minhas desculpas. retirarei a fotografia.
Mais uma vez, obrigado pela correcção.
Contribua e volte sempre.

Mário disse...

VerdeCDV, já lhe respondi no «Sangue Leonino», porque foi lá que eu lhe dei (incialmente) o recado e não noutro sítio (nem aqui). Acrescento, se houve alguém que não me respondeu foi você, que veio aqui e não no sítio onde lhe falei...
Reproduzo o que lá escrevi há pouco:
"Chama-me de hipócrita? Porquê? Por dizer o que penso? (ainda que esteja errado!).
Não mando recados aos anjos, vou a deus, por isso aqui vim...
(nem faço insinuações, digo!)

Quanto à demora e não lhe devendo explicações, direi que só agora aqui vim porque só cheguei a casa às 22h e saí às 6h15!

Também disse que não sou dono da verdade! (e não sou!) E não sou o único a bater-me por isto ou por aquilo.
Antes de mim já outros cá andavam (na blogesfera), não me precisa de lembrar-me. Também não dou lições de sportinguismo a ninguém, nem gosto que mas dêem.

Criei um blogue, não por si nem por ninguém, mas por mim. Feito unicamente por mim, com todas as limitações e falhas inerentes. Se o não fiz antes foi por falta de conhecimentos informáticos, nada mais. A vontade, essa, já há muito existia.
Espero que tenha ficado, igualmente, esclarecido."

Fernando Gaspar Barros disse...

Mário, continue com o bom trabalho.